terça-feira, 29 de janeiro de 2008

“Quase saudades” não serão já saudades?

Agradável sms recebido no meu segundo dia em Madrid.

“Quando voltas? Já quase que estou com saudades tuas!”

Quer-me parecer que C-(de)ilusão estava com saudades da lua.

“Volto hoje à noite! Mas ficava mais um dia só para as “quase saudades” passarem a saudades.”

Eu sim, sei que estou…

sexta-feira, 25 de janeiro de 2008

O eterno camisola 29


Bonito gesto que a direcção do Benfica teve, em 2004, eternizando a memória de Miklos Féher na camisola 29 do clube. Faz hoje exactamente quatro anos que Féher caiu em campo em pleno jogo no estádio do Vitória de Guimarães, acabando por falecer. Este foi o momento mais trágico e triste a que assisti até hoje na vida desportiva do Benfica.

Lembro-me que nessa noite estava de regresso a casa e ouvia o relato no rádio do carro. O Benfica ganhava por 1-0, o golo tinha sido marcado pouco tempo antes. Depois ouvi com grande preocupação a descrição do que se estava a passar. Temi o pior. Senti uma aflição enorme por ter percebido de imediato, mesmo sem estar a ver, que aquela tinha sido uma queda fatal. Fui o mais rápido possível até casa para poder ver, e perceber, o que estava a acontecer.

As imagens confirmaram as minhas piores e não desejadas expectativas. A maneira como caiu desamparado, o desespero dos jogadores, os esforços dos médicos, a apreensão da equipa técnica, a incredulidade confusa de toda a gente nas bancadas, formava um cenário de tragédia impensável num jogo de futebol. Não me foi possível evitar as lágrimas, como se o Féher fosse alguém que era próximo.

Miklos Féher (1979-2004) O herói que tombou no campo, que era palco da sua profissão. A sua morte teve o condão de trazer uma visível e forte união entre os jogadores do Benfica, e penso mesmo que a todos os benfiquistas. Nesse ano a equipa, e Féher também, ganhou a Taça de Portugal.

Coincidência, amanhã o Benfica volta a Guimarães. Tal como nessa noite, Camacho é de novo o treinador. Por certo haverá a habitual homenagem ao camisola 29, e todos esperamos ver o Benfica vencer.

quarta-feira, 23 de janeiro de 2008

Madrid

Estes dois dias em Madrid, mesmo que em trabalho e sozinho, vão saber-me muito bem. Como terei a tarde de 5ª feira livre, se o tempo o permitir hei-de aproveitar para voltar a passear pelo Parque del Retiro…mas desta vez será sozinho. C(L) desta vez não estará lá comigo, aliás nunca mais estará lá comigo.

E um dia hei-de cultivar a minha pequena “rosaleda” como vi nos jardins do Palácio Real, “Campo del Moro”. Um dia quando conseguir ter o meu monte no Alentejo.

terça-feira, 22 de janeiro de 2008

Mensagens de Lua Cheia


Depois de jantar fiquei um pouco à janela. Foi neste momento que lhe enviei o sms “Lua Cheia”.

“Já viste a lua que está hoje?”

A resposta foi rápida.

“Adoro lua cheia. Tenho vista privilegiada da minha janela. ”

Sorri.

“Mas isso eu também. Proposta: Passeata de 10 minutos à beira-mar.”

Desta vez demorou mais um pouco. Fiquei ansioso e a pensar que “não devia”.

“Óptima ideia. Alinho. Vou ter contigo a tua casa”

Quinze minutos depois deu-me um toque e eu desci. Fomos a pé desde minha casa até à marginal. Sentámo-nos durante um bocado no muro, encolhidos pelo frio, enquanto olhávamos o rio e a lua, como se estivéssemos em frente a uma tela de cinema. Falámos de banalidades. Encostou a cabeça no meu ombro. Encolheu-se ainda mais. Rodeei os seus ombros com o meu braço. Coloquei uma perna em cima do muro e por trás das costas dela, encaixando-a em mim.

Estas (re)aproximações com C-amiga(?)-desilusão não me fazem muito bem…mas sabem muito bem.

“Oh! Agora já não vejo a lua.”

Esta manhã tinha este sms por ler.

segunda-feira, 21 de janeiro de 2008

Futebol à tarde


Este fim-de-semana houve Taça de Portugal. O Benfica recebeu o Feirense no Estádio da Luz, no sábado às 16:00. Decidi ir assistir ao jogo. Longe vão os tempos em que havia jogos de futebol maioritariamente à tarde. Actualmente, devido em grande parte às transmissões televisivas, os jogos são sempre à noite. O ambiente dos jogos à tarde é diferente, a luz natural dá outra cor ao quadro do futebol. É comum ouvir-se o comentário de que o futebol à tarde é mais familiar.

Recordo-me dos muitos jogos que assisti no antigo Estádio da Luz nas tardes de solarengas do domingo. Na altura em que jogava futebol, ainda nas camadas jovens, levava o cartão de jogador para poder entrar sem pagar. Era habitual irmos um grupo de três ou quatro assistir aos jogos da Benfica à tarde. Naquela altura havia a magia do futebol à tarde. Dava gosto ver os meus heróis daquela época, Mozer, Paneira, Veloso, Isaías, Rui Águas, Schwarz, etc, desfilarem, e ganhar jogos, no relvado esplendorosamente iluminado pelo sol.

Bom, no jogo deste sábado o Benfica ganhou por 1-0, com um golo de Cardozo. O jogo não foi lá muito bonito, mas valeu pela vitória e pela festa.

Atonement

Já vi. Tinha mesmo de ir ver. Gostei. Aconselho.

Não há muito a dizer. Gostei da forma como retrata o drama e o romance. Embora ache que podia ter mais intensidade nos momentos chave do filme. No entanto a forma como os sons próprios do ambiente da própria cena se tornam repetitivos e ritmados acabando por se misturar com a banda sonora. Sublimes paisagens verdejantes, e aquele espectacular campo de papoilas em França, em época de guerra, pode ser visto como um oásis de beleza em pleno inferno. Bem pensada a forma como volta atrás para nos mostrar como é fácil lermos aquilo que vemos consoante o sentimento que nos tolda a vista.

Acaba por ser uma bem conseguida extracção da emoção do romance de Ian McEwan. Aconselha a que se vá ao cinema para o ver. Talvez se não conhecesse o romance tivesse gostado ainda mais. Quando lemos algo é normal fazermos o nosso próprio filme, só que nem todos temos a capacidade de passar para o ecrã, e aos outros, aquilo que “vimos” no papel.

quinta-feira, 17 de janeiro de 2008

Vinicius de Moraes

Toda a gente, por certo, conhece a música de Tom Jobim, "Garota de Ipanema". O poema foi escrito por um grande poeta que viveu do lado de lá do Atlântico, Vinicius de Moraes. No que respeita a poesia, admiro a que é feita de forma simples. Por vezes as palavras mais simples são as que melhor servem para descrever as maiores complexidades da alma. Há de facto poemas que aliados a uma boa música tornam-se ainda mais belos.

Fica aqui o célebre "Garota de Ipanema"

Olha que coisa mais linda
Mais cheia de graça
é ela menina, que vem e que passa
Num doce balanço a caminho do mar

Moça do corpo dourado
Do sol de Ipanema
O seu balançado é mais que um poema
é a coisa mais linda que já vi passar

Ai! Como estou tão sozinho
Ai! Como tudo é tão triste
Ai! A beleza que existe
A beleza que não é só minha
E também passa sozinha

Ai! Se ela soubesse que quando ela passa
O mundo inteirinho se enche de graça
E fica mais lindo por causa do amor

Só por causa do amor...


Também acho excelente este "Soneto de Fidelidade"


De tudo ao meu amor serei atento
Antes, e com tal zelo, e sempre, e tanto
Que mesmo em face do maior encanto
Dele se encante mais meu pensamento.

Quero vivê-lo em cada vão momento
E em seu louvor hei de espalhar meu canto
E rir meu riso e derramar meu pranto
Ao seu pesar ou seu contentamento

E assim, quando mais tarde me procure
Quem sabe a morte, angústia de quem vive
Quem sabe a solidão, fim de quem ama

Eu possa me dizer do amor (que tive):
Que não seja imortal, posto que é chama
Mas que seja infinito enquanto dure.
(Até um dia meu anjo)

quarta-feira, 16 de janeiro de 2008

“Everything happens for a reason”


No domingo passado foi transmitido o último episódio do “Lost”. Actualmente esta era a minha série preferida e o programa de televisão que mais me prendia ao sofá. Não desgrudava olho da televisão nos domingos às 15:00, e quando não estava em casa deixava a gravar. Sim, ainda mantenho um antiquado VHS, bastante útil para mim. Cheguei a ter três episódios para ver, tendo ainda gravado o do próprio dia. Bem depois foi uma barrigada de “Lost”.

A propósito disto, desta minha paixão, dei por mim a pensar no porquê de gostar tanto desta série. Além disso lembrei-me de que entre os meus livros preferidos estavam “Robinson Crusuoe”, do Daniel Defoe, e “A Ilha Misteriosa”, de Jules Verne. Também apreciava, não de paixão, os míticos filmes da Lagoa Azul. Achei curiosa, engraçada e preocupante, a coincidência de todos terem em comum histórias de náufragos que ficam “presos” numa ilha deserta, ou nem assim tão deserta quanto seria esperado, e sem que ninguém os soubesse lá perdidos. Embora no “Lost” seja a queda de um avião a dar mote ao início e motivo da trama, aqui entre nós, vai dar exactamente no mesmo. Ficam presos numa ilha e isolados. Perdidos.

“Everything happens for a reason”, o slogan do “Lost”.
Claro que tudo isto me levou a ponderar se haverá alguma razão para esta coincidência nos meus gostos e preferências. Pensei se terá alguma relação com o, por vezes, me apetecer estar sozinho. Com a maneira como me entretenho muito bem quando estou sozinho. Isto desde miúdo, sempre consegui ocupar o tempo inventando jogos, alguns dos quais acabavam por se tornar verdadeiros vícios. Confesso que alguns ainda os pratico, de vez em quando. Relacionei a minha tendência para actividades desportivas que são individuais, como o correr, o remo, a bicicleta, o squash (também pode ser). Pensei então se não haveria em mim alguma tendência para o isolamento. E que isto, quem sabe, não poderia até ser fundamentado por uma qualquer teoria psicológica.

Bom, depois aterrei na realidade. De imediato vislumbrei justificações para tudo o que tinha pensado antes. A verdade é que todos nós, em determinadas alturas, sentimos necessidade de isolamento. Necessidade de ter um tempo e um espaço só para nós. Por muito bem que ocupe o meu tempo quando estou sozinho, também sinto prazer, vontade e extrema necessidade de estar com outras pessoas, de convívio, de ter companhia, de interacção, de ver gente. Mais até do que estar sozinho, porque há coisas que só apetece, e podemos fazer se tivermos companhia. Tenho prazer em poder estar com os meus amigos. Depois também gosto de jogar futebol e voleibol, mesmo com a noção de ter pouco jeito tanto para um como para o outro, mas estes são afinal desportos colectivos.
Sei que sou um pouco reservado, mas até me acho sociável. Só preciso que puxem por mim, ou então de ter receptividade com quem tenho, ou quero, interagir. E isso também julgo ser igual na maior parte das pessoas, dependendo um pouco da maneira de ser de cada um.

Portanto afinal, não são preocupantes estes meus gostos, e além disso vou poupar o dinheiro de uma consulta no psicólogo.

terça-feira, 15 de janeiro de 2008

Estou ansioso por este filme





Expiação (Atonement), realizado por Joe Wright, Vencedor do Globo de Ouro para a categoria de Melhor Filme – [estreia em Portugal: 17/Janeiro/2008]

A acção de Expiação passa-se em 1935, na altura em que Briony Tallis uma rapariga de 13 anos está à beira de se tornar mulher. A partir de acontecimentos que vê mas que não entende, ela torna-se responsável pela prisão de um homem inocente, (Robbie, o namorado da sua irmã mais velha). Anos mais tarde, durante a Segunda Guerra Mundial, Briony tenta expiar a sua culpa trabalhando como enfermeira, cuidando das pilhas de homens feridos que chegam de Dunquerque, onde o próprio Robbie se encontra.


O livro é fantástico. Está entre aqueles que mais prazer me deu ler. Espero que o filme esteja a um nível semelhante, o que tudo indica que assim seja, dado ter ganho este prémio.

segunda-feira, 14 de janeiro de 2008

Sábado


Acordei cerca das 9:30. Espreitei pela janela e vi que estava um belo dia de sol. Preparei o pequeno-almoço e, enquanto comia, fiz uma pequena lista do que precisava comprar. Preparei-me para sair e desci até à garagem. Abri o portão e tirei o Defender para a rua. Depois tirei o Kayak do suporte e amarrei-o no tejadilho. Passei no supermercado para comprar comida. Sento-me ao volante e rodo a chave na ignição, coloco o cinto e arranco.

Entro na A5, CRIL, 2ª circular, Ponte Vasco da Gama, Alcochete e depois directo a Stº Estêvão. Depois da passagem de nível meti pela estrada de terra que me leva ao (meu) sítio habitual. Cheguei um pouco depois das 12:00. Parei no mesmo sítio de sempre. Sai e caminhei até junto à margem. Deixei-me ficar por uns instantes a olhar para o brilho da água.

Despi as calças, tendo ficado apenas em calções, calcei as botas e coloquei o colete por cima do polar. Com a mochila numa mão e a pagai na outra entrei para o Kayak. Sentado com a pagaia no colo, ajustei a mochila no peito. Pressionando uma extremidade da pagaia contra o fundo dei impulso para diante. Remei calmamente até à margem contrária. Depois remei na transversal cortando toda a massa de água. Depois uma e outra vez, para um lado e outro. Devo ter remado por mais de uma hora.

Parei bem no meio da tapada. Sentia um cansaço agradável. Comi as sandes que tinha feito, bebi o sumo e comi a fruta. Um almoço ligeiro mas reconfortante. Depois deitei-me para trás e fiquei a sentir o calor do sol. Uns minutos mais tarde retirei da mochila o “Anjos e Demónios” e fiquei ali deitado a ler. No meio do nada. Naqueles instantes eu fui uma ilha de paz. Feliz na calma solidão de um momento em que nada nos faz falta.

Quem foste

Talvez ainda não nos tenhamos cruzado sequer. Mas C será um dia a Cê-Mulher-da-Vida-de-Mustapha. E mais do que agradecimento por isso, sentirá orgulho por o ser. Ser a tal, ser a única, ser ela, ser Cê-Mulher-da-Vida-de-Mustapha.

Mustapha tem ainda os sonhos, os inconscientes, assombrados por L. Não por vontade própria, crê que por trauma, por cicatriz de ferida profunda. Mas é Cê-Mulher-da-Vida-de-Mustapha que ele espera. E há-de encontrá-la sem procurar.

Cê-Ilusão-Não-permissão-Destruição ocupa hoje apenas um lugar no espaço de vagas recordações. Mas não no lado mais negro do coração. Mustapha acha, sempre, que as duas faces da mesma moeda são obrigatoriamente diferentes. Além disso a distância e o tempo tudo curam. Ou atenuam…

Desolação sem motivo. Não há nada para ver por trás deste espelho. Nele as coisas são o que são. Um C é apenas, e mesmo, um C. Mas será que as coisas são mesmo aquilo que parecem? Afinal, num espelho, não conseguimos ver tudo aquilo que há para ver.

Talvez ainda não nos tenhamos cruzado sequer…

sexta-feira, 11 de janeiro de 2008

Bestas ao volante

Fui beber café com a V a Telheiras. Íamos na 2ª circular, mesmo em frente ao estádio da Luz, quando aparece um Seat Ibiza que passa pela minha direita, exactamente no momento em que o carro que ia a meu lado ia virar à direita. Num espaço minímo. Depois vejo-o ir para a esquerda, ultrapassar, volta de novo à direita, mais uma ultrapassagem e daí até à faixa mais esquerda…e deve ter ido por aí adiante sempre nesta estupidez, a besta.

Irritou-me. Tive vontade de ir atrás dele e quando parasse partir-lhe a tromba pela estupidez que vinha a fazer. Muitas vezes o nosso maior perigo são bestas destas. Na altura reparei que ia a 80 Km/h. Ali é exactamente o local de um dos radares da 2ª circular. Ela ia a bem mais do que isso, pelo menos a uns 110 Km/h, a julgar pela rapidez com que desapareceu, gingando, pelo meio dos outros carros.

Considero-me um bom condutor essencialmente pelo que procuro ser cuidadoso, mais do que pela habilidade e jeito para conduzir, que também acho que possuo. Agora este género de “habilidades”, e outras, que colocam em perigo as outras vidas que vão na estrada, merecem a minha (agressiva) crítica.
A estas bestas, mais do que lhes ministrar formação de condução defensiva, teria de se lhes dar formação de civismo e, já agora, um pouco de educação social. E uns calduços também lhes fazia bem.


Recado para a minha amiga I: Portei-me muito bem no cafezinho! Mas que me apeteceu lá isso...apeteceu!

quinta-feira, 10 de janeiro de 2008

viagem na estrada errada

- Olá S.
- Olá! Estás bom?
- Sim. Sai agora do trabalho e lembrei-me de te ligar para saber como estás.
- Estou bem. Andas a sair tarde!
- Pois é! Olha, já estás em casa? Quer dizer, se estás de baixa pela gravidez?
- Não. Vou ficar a trabalhar até ao fim.
- E vai ser parto natural ou não?
- Espero que seja natural. A médica prevê que seja daqui a duas semanas.
- Disseram-me que estavas uma grávida muito bonita.
- Já mais pessoas me disseram isso.
- Estive com e o P e a M, e falámos sobre algumas pessoas de lá, e ela disse-me isso. E eu nem te cheguei a ver assim.
- Não quiseste!
- Não se proporcionou, acho que foi mais isso! Além das outras coisas, mas essas agora não interessam.
- Pois se calhar foi como dizes. E tu como estás?
- Muito trabalho e pouco mais.
- E namoradas?
- Na mesma.
- Não me queres é dizer!
- A sério. Na mesma. Já vou ficar assim.
- Vais ver que não.
- Não me preocupo com isso. Pelo menos não assim muito! Pode ser que um dia aconteça, e quando menos estiver à espera.
- Gostava tanto que tivesse acontecido comigo.
- Essa é uma questão complicada. E agora, cada vez mais, fora de tempo.
- Eu sei. Podíamos beber um café um dia destes…
- Gostava. Para a semana posso ir ter contigo depois do trabalho. Sais às 18:30, não é?
- Sim, agora tenho saído sempre por volta dessa hora.
- Então está combinado. Ligo-te então depois…

(incrível…ela nunca diz “yah” nem “bué”; sempre reparei nisto!)

Um chá na Praia da Torre...

...

- Mas porque é que queres saber isso?
- Vá, diz lá.
- Ah! Mas descrever-te as minhas colegas de trabalho?!
- Sim! Quero avaliar qual delas é que te faz ficar a trabalhar até tão tarde.
- Quem me dera que fosse esse o motivo.
- Mas também posso conseguir perceber qual é que é mais provável vir a ser o teu próximo caso!
- Estás doida! Sabes bem qual é a minha opinião sobre casos no trabalho.
- Pois! Até ia ser uma estreia, não era?
- Tu és cá uma amiga! Olha, são quase todas casadas e com filhos.
- Ai sim? Isso é outro impedimento para ti, não é D? É verdade, tens visto a V?
- Eu não acredito! Tu és mesmo parva!
- Achas meu querido amigo? Hum…deixa lá ver, a V era tua colega de trabalho, casada e com um filho.
- Uma filha.
- Sim isso! Também não posso acertar em tudo.
- Por acaso ligou-me ontem, e hoje outra vez. Não deu para falarmos grande coisa porque eu estava um pouco ocupado.
- Bem…ainda marcha outra vez.
- Ela diz que não pode estar próximo de mim. Que sou um perigo e uma tentação para ela.
- Que vaca essa gaja!
- Não digas isso. Eu acho-lhe graça. E claro, reconheço que me faz bem ao ego.
- Acredito que sim!
- Gosto da maneira como me faz sentir. É querida! E podemos muito bem ser só amigos! Mesmo que nos agrade o climazinho…
- Pois, pois!
- Hoje disse-me que pensa muito em mim e que tem saudades minhas. Depois combinámos um café para 5ª feira.

( I, só pela tua cara, o próximo chá vais ser tu a pagar...)

quarta-feira, 9 de janeiro de 2008

Todo o Tempo do Mundo

Podes vir a qualquer hora
Cá estarei para te ouvir
O que tenho para fazer
Posso fazer a seguir

Podes vir quando quiseres
Já fui onde tinha de ir
Resolvi os compromissos
agora só te quero ouvir

Podes-me interromper
e contar a tua história
Do dia que aconteceu
A tua pequena glória
O teu pequeno troféu

Todo o tempo do mundo
para ti tenho todo o tempo do mundo
Todo o tempo do mundo

Houve um tempo em que julguei
Que o valor do que fazia
Era tal que se eu parasse
o mundo à volta ruía

E tu vinhas e falavas
falavas e eu não ouvia
E depois já nem falavas
E eu já mal te conhecia

Agora em tudo o que faço
O tempo é tão relativo
Podes vir por um abraço
Podes vir sem ter motivo
Tens em mim o teu espaço

Todo o tempo do mundo para ti
tenho todo o tempo do mundo
Todo o tempo do mundo

(No trânsito... foi a primeira música da manhã)

terça-feira, 8 de janeiro de 2008

O Paradigma da letra C…



Ontem passei pelo “Paradigma do Ser” e reli o post “A minha amiga C”. Já na primeira vez que o tinha lido achei piada o usar apenas a letra inicial do nome para se referir a alguém. Eu próprio o faço desde que li “O Castelo” de Kafka, em K. é o protagonista da história, utilizado para retratar a sua angústia interna. Achei uma boa ideia a adoptar naquilo que escrevia sempre que me referisse a alguém que só eu precisasse, ou quisesse, ser o único a saber a quem me referia. Depois ocorreu-me que a letra C teve, até agora, grande presença na minha vida. Presente, e responsável, nos, e por bons e maus momentos. Houvesse balança que os pudesse pesar. Estes muitos C`s na minha vida poderão também justificar-se por haver tantos nomes começados por essa letra. O meu pai é um deles, e foi assim o primeiro C(D).

No liceu a minha primeira paixão, a CC. Maravilhosos intervalos das aulas, só havia ela e eu. Sentados num banco de frente um para o outro desligados de tudo o resto em volta. Depois, no último momento, quando tive coragem, disse-me que tinha namorado. Ou seria namorada?! Foi uma dúvida com alguma razão de ser.

Depois o meu primeiro amor, a CC. Foi namoro sério de dois anos. Vivemos muitos bons momentos, paixão, ansiedade em estarmos juntos, muita descoberta mútua, de sentimentos e sensações, como seria normal naquela idade. Depois veio a droga. A quase fatal descoberta dela. Graças a Deus que, depois de bater no fundo, hoje está bem de vida. Casou e tem um filho. Trabalha num banco perto do meu antigo emprego. Foi lá que e reencontrei e soube dela.

Na festa de anos de uma amiga, conheci C(D). Começámos a namorar cerca de 6 meses depois e durante ano e meio. Com ela tinha voltado a gostar de alguém a sério, malgrado o meu entusiasmo inicial não tivesse sido muito grande.

Ainda na ressaca deste relacionamento entrei noutro com uma amiga de uma colega minha de curso, CC. Foi um relacionamento que não chegou a ter grande importância para mim. Por vezes acabamos por não gostar a sério das pessoas que teriam tudo para ser a tal.

Último ano de curso, viagem de finalistas. Envolvi-me com C(L) e passei a ser personagem de uma das muitas histórias deste género que sucedem nestas viagens. Problema maior era ela ter namorado. Varadero foi início de uma história de ano e meio e que me deixou marcas. Vivi uma mentira, que acabou com mentira, que ainda hoje me magoa.

No recobro do caso “Varadero”, conheci C(L), estagiária na empresa onde trabalhava na altura. Interessou-se por mim e acabámos por nos envolver. Comprei casa nessa altura. Ela acabou por ser a primeira mulher que tive nesta casa. Coincidência feliz, essa foi a primeira vez dela.

Depois de dois anos de namoro, e mais um a viver junto, com L, aquela que foi, para mim, sem dúvida, a mulher da minha vida, conheci CC. Foi uma ilusão. Ilusão que me fez perder toda a minha vida que vinha sendo construída sobre planos para serem duradouros. Teve importância por aquilo que não permitiu e não por aquilo que me deu. Uso o termo “não permitiu” em vez de destruiu, porque quem destruiu o que tínhamos fui eu e só eu.

Depois disto, quando consegui reerguer-me um pouco, conheço e envolvo-me com CC. Foi um relacionamento mais virado para a parte física. Tínhamos expectativas e vivíamos momentos diferentes nas nossas vidas. Ela desejava um relacionamento sólido e sentia-se na altura de ter um segundo filho. Eu ainda lambia as feridas de ter perdido a mulher da minha vida.

Actualmente sinto um certo clima de flirt com C(B). O que impede de aprofundar esta questão é o sentido ético exigido pela nossa relação profissional. Bom, mas apesar disso agrada e confunde-me este flirt.

Há entre os meus amigos mais importantes C(M) e C(L), amigo de adolescência e amigo de liceu respectivamente. Estão entre aqueles que mais prezo e mais estimo. Ambos foram pais em 2006, ganhei um casal de sobrinhos. Mas também duas desilusões no seio daqueles que, ainda assim, considero amigos. Primeiro CC, uma amiga que nem sempre se lembra que na amizade se recebe mas também que se dá, que nos ouvem mas também precisam de ser ouvidos, ou seja, que a amizade tem dois lados. E também CC, um amigo bastante próximo que o deixou de ser. Muito e importante apoio conseguimos na nossa amizade. Mas desde o início do ano passado um namoro fez com que se esquecesse de todos os amigos que tinha. Triste atitude.

Muitos C`s… uns mais importantes que outros... com ganhos e perdas.

segunda-feira, 7 de janeiro de 2008

Os dez motivos do “Espelho de Mustapha”


1 – Vi alguns blogs e pensei “Porque não?”
2 – Mustapha olha para o seu espelho e vê Daniel
3 – Por exercício de escrita
4 – Gostava de escrever um livro mas não tenho jeito para escrever
5 – Porque escrevo para mim
6 – Talvez mais alguém leia, além de mim claro
7 – Tenho poucos amigos com quem falar de algumas coisas
8 – Por algumas vezes me sentir sozinho
9 – Para me obrigar a pensar e a não pensar
10 – Não tem que haver um dez…

quinta-feira, 3 de janeiro de 2008

Perdoa-se mas não se esquece?

Já ouvi algumas pessoas dizerem esta frase vezes sem conta. Geralmente se estão a referir a algo que aconteceu numa relação amorosa. Mas a nossa vida não roda inteiramente em volta de relacionamentos amorosos. Há coisas para perdoar, ou não, nas relações laborais, nas amizades e nas relações familiares. E destas últimas, algumas, marcam-nos mais do que as tão importantes dores amorosas. Qual é afinal o limite para perdoar? Quando é que sabemos se verdadeiramente perdoámos? Será que deve ser 70*7, como Jesus disse a Pedro?
Não me parece que existam muitas pessoas com esse poder ilimitado de perdoar. Será que vou perdoar o meu pai? Esta é a maior das minhas preocupações para este ano. Será que vou conseguir perdoar e passar ao lado dos cerca de 30 anos em que nem sequer me contactou ou pareceu ter interesse em saber de mim, se estava bem ou mal, como é que era a minha vida, como e quem eu era. Agora passado este tempo todo descobriu-me, ou sempre soube onde eu estava, e mostrou intenção de me vir conhecer. Pode até haver a desculpa da distância de não vivermos no mesmo país, mas foram perto de 30 anos. E isso pesa e muito. Sempre vivi com o sentir alguma tristeza por este facto. Podia, não digo ter tido uma vida diferente, mas se calhar viver com menos uma sombra, sem esta sombra. O facto é que as coisas são como são, e agora tenho de lidar com a apreensão do aproximar do dia em que chegará ao aeroporto. Se vou perdoar? Talvez. Quase de certeza que sim. Quero fazê-lo, de facto. Mesmo sem que ela me peça perdão por isso, não é necessário fazê-lo para que eu o perdoe. Perdoa-se por que se tem essa vontade, porque é uma decisão pessoal. E também não quer isto dizer que eu compreenda, ou aceite o que fez. Não me parece uma atitude justificada, e de certeza que não vou esquecer 30 anos de ausência na minha vida. Esquecer-me da ausência do meu pai na minha vida.
Tenho perfeita noção de que nunca iremos ter um relacionamento dito normal, de pai e filho, dado que além deste facto maior, existem outros que fazem com que assim seja. Acho que ele também o sabe, e nem deverá ter essa esperança. Tenho muita curiosidade em saber que motivos o levam agora a querer, finalmente, conhecer-me. Tenho apreensão e receios, mas sou um homem crescido e tenho de encarar vida como ela é. Real.
“Se um homem mau te ofende, perdoa-lhe, para que não haja dois homens maus.”