terça-feira, 18 de março de 2008

Virgindade no século XXI

A secção “Olhar” da Courier International deste mês retrata a opção de sete nova-iorquinos em se terem mantido abstinentes sexuais até então. De facto é já surpreendente termos conhecimento desta opção e mais ainda da manifestação pública dessa opção.

Tenho ideia, ou melhor, tinha ideia de que quem se mantivesse virgem tendo idades entre os 20 e os 40 anos, não teria coragem de o assumir. Lamentavelmente a maioria das pessoas, a nossa sociedade, tem a péssima atitude de fazer dos “virgens” alvo de chacota. Deviam, isto é, deviamos procurar pensar que haverão por certo razões para essa opção, ou motivos para essa circunstância. Tenho pelo menos dois amigos de quem se imagina possam ainda manterem-se virgens já depois dos 30. Ele A, terá sido por uma questão de circunstância, ela J, talvez mais por opção. Em relação a ambos essa possibilidade não passa de conjecturas, feitas a partir do convívio que temos com ambos, que podem não ser afinal aquilo que nos parece. Podemos até estar apenas a ser iludidos pela forma como escolheram ocultar-nos a sua vida sexual.

Há algumas décadas atrás a virgindade era condição essencial para que uma mulher conseguisse casar. Friamente, mulher que se soubesse já não ser virgem veria as suas possibilidades de constituir família bastante dificultadas. Considero que a virgindade era um dos factores a que levava que, no tempo dos nossos pais e avós, as pessoas se casassem muito mais novas. O casamento era uma maneira , talvez a única, de poderem iniciar a sua vida sexual. Hoje em dia, e como se tornou comum ter sexo antes do casamento, as pessoas casam muito mais tarde. Disto que digo eu sou um bom exemplo, já vou a caminho dos 32 e nem nem sequer sombrade casamento ou derivado. Por outro lado, nesses tempos, uma mulher que estivesse à beira dos 30 e ainda não tivesse casado, toda a gente já a ia dizendo condenada a ficar solteirona. Hoje em dia, esta ideia sobre estar perto dos 30 e ainda ser virgem, nas mulheres, é quase igual o preconceito criado de ficarem solteironas e nos homens parece-me ainda pior esse preconceito, chegando a ser motivo de chacota dos seus amigos e conhecidos. Não imagino homem que tendo mais de 30 anos não sinta vergonha em admitir ser virgem, afim de evitar essa ridicularização.

Na reportagem da Courier International, maioritariamente, a razão dos retratados era a espera por encontrar a pessoa com quem partilhassem sentimento suficientemente forte para dar esse “passo”. Referem esta espera como sendo “algo ligado à confiança e ao compromisso”, “esperar por uma pessoa que amasse”, “ter a certeza de ser algo valorizdo e respeitado”, “começar pela relação emotiva”, “optar, escolher não reagir a pressões, e mantermo-nos virgens”.É uma opção rara nos nossos tempos. E esta opção é uma daquelas que nos distingue como seres racionais que somos.

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