Imagino-me a envelhecer… numa casa de campo, com alpendre, perto do mar, um terreno de árvores de fruto, trilhos de terra, e um lago. A Costa Alentejana será o nosso refúgio…
(...ainda não aconteceu!)
Mês de Abril do ano 2042. Fiz 66 anos há dias atrás. No último fim-de-semana tive um presente esplêndido com o almoço de família para festejar o meu aniversário. Eu, C, os nossos três queridos filhos, o nosso genro, e o nosso lindo neto. Depois de todas aquelas sensações de agitada felicidade, voltamos agora ao prazer da felicidade tranquila.
Sentado na cadeira de baloiço do alpendre, olho o lago maravilhado pelos reflexos que a luz do sol produz na água. Vejo a mesma paisagem de todos os dias e sempre como se fosse a primeira vez. Levo a caneca do chá aos lábios e sorvo um pequeno gole. Sinto Lenny, o nosso fiel amigo e companheiro de quatro patas, aproximar-se. Senta-se ao lado da cadeira aguardando que a minha mão pouse na sua cabeça, como é habitual.
C dorme tranquila no conforto do nosso quarto. Tal e qual como na manhã após a noite que aqui dormimos pela primeira vez. Há trinta anos atrás. Também dessa vez eu acordei antes dela. Não consegui vencer a ansiedade de poder assistir ao nascer do sol do nosso alpendre. Adorava que C o fosse partilhar comigo, mas não tive coragem de a acordar. Cerca de dez minutos depois, para minha surpresa e alegria, juntou-se a mim.
Perdido nas minhas memórias levanto-me e entro em casa. Lenny segue-me colado ás minhas pernas. Pouso a caneca na mesa da cozinha e dirijo-me ao quarto. Abro a porta e espreito. Vejo que ela ainda dorme. Observo-a por um breve momento e depois encosto a porta levemente.
Saio para a rua com Lenny sempre no meu encalço. Seguimos pelo caminho em direcção ao lago. Lenny distrai-se com pequenas perseguições aos insectos que vamos encontrando na vegetação. No fim de cada uma regressa para junto de mim e salta em minha volta. Agacho-me para o presentear com uma sessão de festas. E assim o nosso passeio matinal vai chegando ao fim. Estamos de novo em frente ao alpendre.
Vejo C sentada na cadeira de baloiço. Acena-me a sorrir. Retribuo-lhe o sorriso. Lenny adianta-se na sua direcção. Subo os degraus do alpendre e chego junto dela. Digo-lhe “Bom dia!”, enquanto lhe estendo as papoilas que apanhei, acompanhadas de um beijo.
(...ainda não aconteceu!)
Mês de Abril do ano 2042. Fiz 66 anos há dias atrás. No último fim-de-semana tive um presente esplêndido com o almoço de família para festejar o meu aniversário. Eu, C, os nossos três queridos filhos, o nosso genro, e o nosso lindo neto. Depois de todas aquelas sensações de agitada felicidade, voltamos agora ao prazer da felicidade tranquila.
Sentado na cadeira de baloiço do alpendre, olho o lago maravilhado pelos reflexos que a luz do sol produz na água. Vejo a mesma paisagem de todos os dias e sempre como se fosse a primeira vez. Levo a caneca do chá aos lábios e sorvo um pequeno gole. Sinto Lenny, o nosso fiel amigo e companheiro de quatro patas, aproximar-se. Senta-se ao lado da cadeira aguardando que a minha mão pouse na sua cabeça, como é habitual.
C dorme tranquila no conforto do nosso quarto. Tal e qual como na manhã após a noite que aqui dormimos pela primeira vez. Há trinta anos atrás. Também dessa vez eu acordei antes dela. Não consegui vencer a ansiedade de poder assistir ao nascer do sol do nosso alpendre. Adorava que C o fosse partilhar comigo, mas não tive coragem de a acordar. Cerca de dez minutos depois, para minha surpresa e alegria, juntou-se a mim.
Perdido nas minhas memórias levanto-me e entro em casa. Lenny segue-me colado ás minhas pernas. Pouso a caneca na mesa da cozinha e dirijo-me ao quarto. Abro a porta e espreito. Vejo que ela ainda dorme. Observo-a por um breve momento e depois encosto a porta levemente.
Saio para a rua com Lenny sempre no meu encalço. Seguimos pelo caminho em direcção ao lago. Lenny distrai-se com pequenas perseguições aos insectos que vamos encontrando na vegetação. No fim de cada uma regressa para junto de mim e salta em minha volta. Agacho-me para o presentear com uma sessão de festas. E assim o nosso passeio matinal vai chegando ao fim. Estamos de novo em frente ao alpendre.
Vejo C sentada na cadeira de baloiço. Acena-me a sorrir. Retribuo-lhe o sorriso. Lenny adianta-se na sua direcção. Subo os degraus do alpendre e chego junto dela. Digo-lhe “Bom dia!”, enquanto lhe estendo as papoilas que apanhei, acompanhadas de um beijo.
1 comentário:
Envelhecer acompanhado é uma benção que nem todos têm o privilégio de conseguir. É como subir ao cume do Everest mantendo intactos a ponta do nariz e dos dedos.
Torna-se necessário remar constantemente até à margem que é outro, mesmo com correntes adversas, semear doçuras a cada instante, abandonar-se e saír de si, vestir a camisola pela equipa da família.
É a empresa mais difícil da existência humana, por isso encerra em si mesma o Sonho.
O Sonho de criar e saber criar laços apertados e duradouros.
É tocante, a pureza e simplicidade de um desejo tão profundo...
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