segunda-feira, 22 de setembro de 2008

Altos e baixos


Tenho sempre pensado que o motivo que me faz adiar o momento de conhecer o meu pai é o facto de ainda não ter a minha vida estabilizada a todos os níveis, julgo que principalmente a nível familiar, refiro o constituir da minha própria família.

Dado os últimos acontecimentos na minha vida, a evolução da minha carreira e o meu estado recente com C, tudo se conjugava para que não sentisse impedimento em seguir com a combinada visita do meu pai. Já tinha concordado em que ele viesse por um tempo e tivéssemos finalmente a oportunidade de nos conhecermos.

O retorno da minha mãe obrigou a adiar esse encontro. Desde que lhe contei que mantinha contacto com ele, sempre percebi que isso deixava a minha mãe algo apreensiva e triste. Tentei fazer-lhe ver que este facto em nada mudaria o amor que sinto por ela. Na realidade não sei que lugar virá a ocupar o meu pai na minha vida, mas de uma coisa tenho a certeza, seja ele qual for, nunca isso mudará o que a minha mãe é para mim.

Passado o tempo que julguei ser necessário para a tranquilizar, voltou a falar-se em concreto na vinda do meu pai a Portugal. Agora volto a sentir vontade de adiar. Primeiro o desconforto com C, e o consequente rompimento. Depois o perder do meu avô M, que pincelou de cinzento todo o colorido que, para mim, vinham sendo os últimos tempos. Penso que ele tem compreendido as minhas razões, mas também imagino que poderá colocar em dúvida a minha vontade em que nos venhamos a conhecer.

1 comentário:

IV disse...

Mustapha,

Lamento não ter uma palavra de conforto para ti. A palavra hoje é uma vez mais de crítica...

Cobardia, novamente. Mãe não é Pai e Pai não é Mãe. São duas figuras que precisamos de ter na nossa vida e por quem sentimos coisas muito diferentes.

Discordo totalmente quando uma Mãe solteira diz que é Pai e Mãe ao mesmo tempo. Isso não é verdade. Pai é Pai. Tem uma função diferente. Enquadra a nossa vida, tanto como uma Mãe. Dá-nos a sensação de que viémos de algo que já existia antes, conferindo-nos uma sensação de inclusão no mundo. Mas não tem nada a ver com o sentimento que temos pela Mãe.

Conhecer o teu Pai, deve partir de ti. Não poderás nunca esperar que a tua vida esteja estabilizada para arranjares espaço no teu coração para conhecer as tuas raízes. Para descobrir muita coisa sobre ele, de certo, mas sobre ti também.

Talvez esse vazio se preencha com o teu Pai. Talvez ele te traga Luz, mesmo sem saber.

Tenta...só tens a ganhar!